Descrição

Nilo Ferreira da Rocha, em A narrativa de metaficção: teoria e crítica, traz bons augúrios para a crítica literária atual, quando se debruça sobre dois textos de ficção: Espancando a empregada, de Robert Coover, e Carta à família, de Claudius Portugal. Tem como premissa uma crença e um tema amplamente discutidos, tanto no Brasil como no restante do mundo, pelos diversos teóricos e críticos da literatura: a importância de levar em consideração as conjunções ou disjunções da construção literária realizada pelas mais diversas culturas. Apresentam-se, nesse texto, autores possuidores de uma grande atitude experimental com a estrutura da narrativa que, por certo, é uma continuidade do legado de um processo de ruptura com a forma realista de narrar, processo esse desencadeado pelas vanguardas literárias ao longo, sobretudo, do século XX. Como dizia o argentino Jorge Luis Borges, todo escritor cria os seus próprios predecessores. Então, na ponte entre um autor norte-americano e um brasileiro, vislumbra-se uma herança deixada por vanguardistas como Samuel Beckett, Franz Kafka, James Joyce, Mário de Andrade, Rubem Fonseca…

Mas o livro vai além. Muitos outros autores entram em cena; estabelece-se uma intertextualidade inusitada; várias áreas do conhecimento são cotejadas, como o cinema, o teatro, a arte, a linguagem. Outros autores estrangeiros e brasileiros entram no palco da metaficção. Como lembra Paulo Guerreiro no prefácio ao livro, este é um trabalho “que vai muito além da literatura comparada; na verdade, trata-se de um convite para atravessarmos o labirinto do pensamento metaficcional”. E ali reside “todo o sacrifício das virgens ao Minotauro das semânticas experimentais”. Este é um bom livro de teoria e crítica, que vale ser conferido para entendermos um pouco melhor o cenário literário da contemporaneidade.

Boa leitura!